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Crónicas da Valéria - Setembro de 2017



Setembro 2017

S de Saudades, S de Sono, S de Sim Senhora ProfeSSora, S de Setembro. O que parece ser apenas mais um mês no meu calendário é na verdade o início de um calendário novo, só que agora afixado por cima da minha secretária e pintado com cores diferentes de datas importantes como testes, feriados, prazos de entrega de trabalhos, festividades e outros eventos quase desnecessários, mas que permanecem sempre no fundo da minha mente como quem diz “querias mais stress? Ah então, de nada!”
As primeiras semanas são quase sempre como uma montanha russa de emoções. Temos momentos em que subimos lentamente para alcançar o pico da atração, outros onde parece que somos catapultados de volta para o nível zero numa questão de meros segundos. Há geralmente muito barulho dentro do carrinho dentro do qual vamos sentados, rodeados de pessoas diferentes, e talvez até estranhas, mas que no final da volta tornam-se quase como nossos parceiros de cumplicidades. Geralmente, há sempre um ponto ao longo desta montanha russa onde passamos por pequenos percalços, como uma fonte de água que nos deixa miseravelmente molhados da cabeça aos pés, ou até uma câmara escondida que capta o leque de emoções vividas dentro desse carrinho que abriga, por norma, em geral, umas vinte pessoas.  Essa fotografia marca, no final da diversão, uma memória que fica connosco para a vida, ao lado de pessoas inicialmente desconhecidas mas que rapidamente se tornam família.
Bem, analogias metafóricas à parte, pergunto-me se algum de vocês encontrou as semelhanças entre esta descrição da montanha russa e o objeto que eu pretendia descrever – uma turma de alunos. Se sim, parabéns! Pode ser que para a próxima vez também consigam descodificar algo exageradamente poético que resultar da minha escrita. Se não, então talvez tenham que tentar estar mais atentos da próxima vez que andarem numa atração do género. No fundo, a montanha russa que atravessas ao lado dessas pessoas desconhecidas representa o ano letivo;  e essas mesmas "pessoas desconhecidas" representam os colegas que inicialmente podes não conhecer muito bem, mas a quem te apegas no final da viagem. E quando o homem da máquina manda parar o carrinho e todos saem para se dispersarem cada um para o seu lado, seguindo o seu caminho, talvez nunca se venham a ver outra vez. No entanto, com elas passas pelos pontos mais altos e com elas também vais, de vez em quando, ao fundo, mesmo que voltem sempre a subir juntos entre risos, gritos e até palavrões que acidentalmente escapam, atirados entre curvas e curvas de caminhos metálicos como bolas de ping-pong.
Setembro é aquele mês no qual decidimos embarcar nesta atração. Por escolha própria, mas normalmente empurrados para dentro do carrinho por terceiros. É normal que no início tenhamos algum receio, expectativas e até entusiasmo que ferve dentro das nossas veias como sangue aquecido pela adrenalina ao longo da primeira e lenta subida em direção ao inicial ponto alto da montanha que depois vem a desencadear uma longa e vertiginosa viagem que nos marca para a vida. Para alguns, pode ser algo atribulada. Quem sabe, talvez tenham enjoos de movimento ou simplesmente tenham tido a infelicidade de ficarem sentados ao lado de alguém com quem não simpatizam da melhor maneira. Para outros, pode ser uma experiência puramente divertida, desafiante e simplesmente agradável. O que vale é que no fim voltamos todos ao mesmo chão, mesmo que o pisemos de maneiras diferentes. Então, depois disto tudo, aceitas embarcar numa nova viagem, agora com uma perceção diferente do que te rodeia?
Eu?! Eu já decidi, há muito tempo. . .
Quando era criança, tinha medo de montanhas russas. Disseram-me que elas eram perigosas, que os seus carrinhos eram inseguros, mas agora sei a verdade. No momento do arranque, elas tornam-se quase numa casa para nós. A nossa realidade, a única realidade que vivemos enquanto arriscamos tudo para receber em troca, tudo ou nada. 


E tu, estás disposto a arriscar?

Texto de Valéria Tabacaru - 11ºC
Revisão de texto Prof. Fernando Ildefonso

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