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Crónicas da Valéria - fevereiro de 2017


Fevereiro 2017
 Fevereiro passou a correr. Quase como se não tivesse tempo suficiente para pensar no que quero escrever, num tema atrativo, nas melhores palavras, e recursos expressivos. Então, desta vez, apresento-me aqui naturalmente sem filtros de linguagem ou adereços; uma pessoa como qualquer outra. A única coisa que me fez realmente refletir sobre este mês foram as palavras dos meus pais, as mesmas palavras que estes repetem sempre que passa mais um ano, e os seus filhos ficam mais velhos. – “O tempo passa a correr.” Nunca fui pessoa de acreditar em superstições, tradições, provérbios, ou todas essas coisas que os nossos ‘cotas’ nos dizem. Sempre achei que fossem mitos, sempre achei que essas coisas não se aplicassem a mim, pelo mero facto de acreditar que posso ser diferente. Mas, com o passar dos meses, noto que cada vez mais esses ditos de “séculos passados” aparecem de vez em quando no meu dia a dia; e, apesar de não me aperceber no momento, penso que são estas pequenas nuances que dizem. . . “Estou a crescer”. Já não sou uma criança que vê o mundo à sua maneira, nem aquela adolescente que sonha coisas muito para além das suas capacidades. E, por muito triste que isto possa ser, apercebo-me que tornei-me, de certo modo, numa pessoa cada vez mais aborrecida. Imagino cenários do quotidiano e faço planos para o futuro sempre muito realista, mesmo que isso me traga um certo sabor amargo à boca. Sinto que sou demasiado nova para ter esta perceção das coisas. Tornei-me mais agressiva, rígida, talvez até antipática – como relatam os meus colegas. Mas isso, até que não me incomoda. Voltando atrás, como antes acreditava que era diferente; ainda o faço – mesmo que este diferente tenha um significado completamente adversativo ao que tinha uns anos atrás. O tempo passa a correr. E passa mesmo. Sem me aperceber ou dar conta de mim própria, gosto de poesia (algo que desprezava!), organizo tudo em pastas, arquivos e ficheiros como uma obcecada de escritório, deito-me à noite com um imenso gosto (em criança, chorava para não ir para a cama) e por vezes recuso compromissos com amigos de ir “dar uma volta” para ficar em casa, a tratar de responsabilidades ou apenas pondo o sono em dia. E com isto tudo, esta crónica espelha o meu estado de espírito a longo prazo. Impressionante, acho eu, sendo que cheguei aqui sem qualquer tema específico do qual podia falar. Estes 10 minutos nos quais me sentei ao computador para escrever, passaram a correr.

Texto de: Valéria Abacaru
Coordenação e revisão: Prof. Fernando Ildefonso
Imagem: pormenor de "A persistência da memória" de Salvador Dali

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